Estação errada?
Sabe quando é junho e chove no final do dia? Ainda não é a estação certa e você não tá esperando, mas mesmo assim o céu insiste em fazer parecer que o mundo tá de mal de você? Era assim que eu olhava aquela quinta-feira. Avenida Paulista, 17h, buzinas, guarda-chuva é 15 aqui, um esbarrão, óculos embaçando, poça me lembrando do buraco no meu Vans, outro esbarrão e os rostos, assim como o céu, estão fechados.
Entrei
no metrô e os fones faziam aquela velha mágica de me separar do caos no vagão
das mochilas, capas de chuva, cabos de guarda-chuva e cansaço. Quinta não era
sexta, ainda tinha aula até às 23h e eu sonhava acordado com poder dormir. Cheguei
na faculdade e ela estava ali. Eu imaginei mil vezes o que tocava naqueles
fones, querendo que fosse o mesmo que eu estava ouvindo. Quando ela desceu,
pensei em várias formas de criar um acaso e dar um oi depois da aula. Não criei,
e era hora de ir embora.
Já
nem chovia mais e os fones voltavam a ser a companhia da viagem, agora nos
vagões finalmente para casa. Errei o tempo e sai do vagão antes, era onde ela
descia.
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Você também mora por aqui?
Meio perdido, expliquei que tinha errado e ia entrar no próximo trem. Ela sorriu e me deu um tchau com um “te vejo na aula amanhã então”. Voltei os fones vestindo um sorrisão na cara. Tinha 21 anos, finalmente amanhã era sexta e eu me sentia o cara mais sortudo do mundo, nem me importava mais a minha meia molhada e o cansaço.
É idiota, eu sei. Mas, no final, ainda bem que não era a estação certa. Pelo menos para o Vitor de 2009.
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